terça-feira, 31 de maio de 2011

Hoje o médico disse que meu pai tem sopro no coração

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Este é um exercicio de compreender ausências nos corpos bem próximos, o mais próximo possível.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

No sábado, cartografias flutuantes bem espaçadas no fundo branco. Anterior, eu andava pra lá e pra cá pensando em como me virar sem um celular em 2011. Ele me empunhou um pequeno livro de Manoel de Barros, um desses que podem marcar um fim, já que tudo deverá terminar em um livro. Abri numa página qualquer, visualizei um trecho dizendo que ele era rascunho de sonho e fechei para apalpar o outro objeto: cardápio. Fizemos uma curta caminhada pelo estreito bairro da Gávea e nos organizamos em um mesa que cortava o bar em dois lados de maneira que o som era retido pelas pessoas laterais à mim, e eu não conseguia participar das conversas.
Pescava palavras, intuía continuidades e assim fui por quase 2 horas, hesitando em fazer perguntas aos tais curadores que poderiam muito bem ser nossos amigos de copo ou colegas de faculdade. Passei então a observar a forma de organização dos móveis, dos quadros na parede, dos copos sobre a mesa, e vez ou outra fingia uma atenção ao campeonato francês de futebol. O importante a ser dito é que estou me relacionando melhor com as construções estáticas do que com pessoas.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Seria loucura tentar reproduzir esta foto como uma possível instalação onde eu me sentiria retornando. Ontem ele me disse que da casa dele até a minha, são 2 horas.
E tudo que pensei em responder foi sobre a pena, a não possibilidade de fazer o percurso contrário e marcar meus passos. Se eles teriam o mesmo ritmo, ou se chegaria mais rápido porque sim, eu tinha mais senso de direção que ele. Talvez eu tenha mais intimidade com mapas. E posso escolher me gabar sobre isso, já que os dias foram declinando após a celebração tipo cocaína. Eles passam pelos cantos e no espaço que me sobrou evitando beiradas, estou girando pra ver se acerto a loteria, o alvo, ou o jogo do bicho.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Tem os dias em que detesto o barulho do telefone, do aspirador de pó, e das vozes das pessoas. Me irrito de maneira inacreditável, e sinto falta da minha vida solitária e incrivelmente espaçosa, onde eu podia pensar sobre tudo. Tem os dias em que duvido muito das pessoas e crio discursos prováveis na minha cabeça. Depois os apago, já que dizer tudo o que eu acho não mudaria muita coisa. São esses os dias em que não me esforço a favor das convenções da boa política da vida, digo que estou me lixando, e não me preocupo com os afetos. Seleciono pessoas nos dedos; estas são as que não me cobram voz, porque podemos existir silenciosamente uma ao lado da outra.