segunda-feira, 21 de novembro de 2011

O bonito é que sua mão, a síntese do sonho, me trouxe uma possibilidade que não experimento há anos. E depois da mão, todas as existências escritas.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Quatro. Depois que anoitecia, eu não atravessava para o lado escuro da piscina. Achava que do ralo, sairiam camarões gigantes e assassinos.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Três. Algumas vezes na infância, cortei minha franja escondida de minha mãe. Os restos de cabelo, escondi debaixo do sofá da sala de televisão.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Dois. Aos dez anos, eu resolvi que queria ser arquiteta. Passava muitas horas brincando de fazer plantas baixas do meu quarto dos sonhos (na casa dos sonhos).
Nele, eu teria um tobogã que sairia da parede que dava para os fundos da casa, e me levaria diretamente até a piscina.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Cinco considerações sobre a casa afetiva

Um. Em quase todo sonho que faço, minha única casa, a que aparece, é a casa antiga (casa dos sonhos). Geminada, com longos espaços e uma outra casinha, no mesmo terreno.
Tinha uma árvore na porta dessa minha casa. Eu subia nos galhos todos os dias.
Um dia, as raízes acho que muito longas, causaram infiltração.
O vizinho que era médico mandou arrancar.
Colocaram uma nova, sem graça, no lugar.
Pelo menos o tronco dela era magenta.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Tinha esse homem parado na minha frente no metrô. Ele era neutro. Não me olhou nos olhos nenhuma vez. Mas na curta viagem que fiz naquele dia agradável, pensei nas diversas pessoas conhecidas que poderiam ser ele, e aquelas pessoas semi-conhecidas com que cruzei durante meses no metrô de Paris. Eu achava que andar de metrô era algo cosmopolita, e isso me atraía bastante. No entanto, depois daqueles muitos meses, comecei a me incomodar com os cheiros misturados e a sensação de não ver o mundo por cima, mas sim, sempre por baixo.
Voltando ao homem neutro, eu imaginei como seria se ele levantasse o rosto e identificasse que eu o conhecia, e começasse a dizer que ele agora vivia no Rio de Janeiro, e listasse seus lugares cotidianos e nós passássemos a ter um espaço comum e enfim, muitas possibilidades de encontros futuros.
Boa parte dos meus dias é dedicada a tentar resolver essa impossibilidade de presenças múltiplas, teletransporte, otimização de tempo comum, etc. Tento resolver as pessoas que não habitam os mesmos lugares, e de repente nunca habitarão, e por isso, eu não consigo ter o direito de criar qualquer tipo de fantasia, porque só quero me alimentar delas quando sei que existe uma mínima possibilidade de realidade.
Esse homem neutro me irritou, porque ele criou em mim uma desordem rápida de desejos de encontros, e logo em seguida, me reatou ao momento real. Não sou nenhum desses que você imaginou, e continuarei aqui olhando para algo que me intriga ou só vendo a velocidade diminuindo e aumentando, enquanto pessoas saem e entram, as temperaturas mudam e você continua procurando solução para coisas que não estão, mas simplesmente, são. assim. ponto.