quinta-feira, 30 de junho de 2011

As vezes eu fico brava com alguém porque parece que só quero ficar brava. Vejo aquela ação descontrolada do aumento da voz e decepção demonstrada, seguida de uma frieza redonda e muito, muito imediata. Não olho, nem sequer cogito, ao mesmo tempo em que estou num raciocínio claro que aquilo nem era tão grave assim. Era só dizer: tudo bem.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Acho que passou. Mas continuo à bordo do:
Quem nao tem medo de não amar também não tem medo de altura.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

De repente fiquei surda de um ouvido. Estava tagarelando no jardim do MAM em uma tarde em que pretendi ser esquecida por todas as pessoas que me conhecem e as que tambem não conhecem. Ninguém nos procurou. Eu sempre suspeitei que cedo ou tarde isso aconteceria. O esquecimento, não a surdez. Mas de alguma maneira os entendi como movimentos muito próximos, paralelos.
É tão estranho sentir o som entrando por um só lado do corpo, não escutar bem o mundo, e por isso, ver que sua relação com ele mudou. Porque aquela paisagem sonora de barthes baixou algum tom, todos parecem mais distantes, e uma mesma coisa toma sempre o primeiro lugar na minha concentração. Parecem camadas de informações cotidianas que se permeiam e se permitem, e lá em cima, esta ele, o som mal absorvido.
Quando algo diferente acontece no nosso corpo, realmente diferente, primeiro vem a reação verbal: isso nunca aconteceu comigo! Depois uma sequencia de tentativas óbvias de compreensão do algo diferente.
Até agora não compreendi porque estou surda de um ouvido. Mas já me imaginei assim permanentemente e foi um pouco assustador. Também não compreendi porque desejo estar esquecida, e porque isso automaticamente me vem a cabeça como uma possível mudança de maneiras, personalidade, preguiça e desistência dos múltiplos laços afetivos.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Na minha cabeça, Brasília
é espaçada, com grandes intervalos entre as construções, onde o som se desampara porque não existem grandes paredes, só corredores e campos abertos.
Poucas pessoas vivem ali, quando estão em grupo, grupos pequenos, se não, elas quase não se encontram, porque também são espalhadas e se comunicam em frases curtas se dando ao luxo de serem largas. Brasília é quase sem saturação, e o chão é negro de asfalto contrastando com o céu que é praticamente sem nuvens. Sempre acho que em Brasília venta muito, ainda que eu nunca tenha estado lá, só imagino você de pele branca, cabelo ainda mais, com a blusa querendo transpassar o corpo nessas ruas que caberiam muitos mais. Mas você, vocês, aguardam.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Achei engraçado quando a bel disse que não tinha fotos de amigos nas paredes do quarto porque não gostava que eles a vissem pelada ou dormindo. Engraçado, porque durante muito tempo mantive uma parede coberta delas e gostava justamente de deitar na cama e olhar durante horas para todas as pessoas que eu podia ver todo dia, ou quase todo dia, vez em quando ou quase nunca. Eu as vezes perdia a hora, o fio do pensamento, esquecia os compromissos olhando as fotos em sequencia e me lembrando do que tinha acontecido naquele dado dia. Tê-las na parede me pareceu tão importante por um tempo, que quando pessoas foram embora, porque simplesmente nao pertenciam mais ao espaço que tínhamos em comum, eu tive dificuldades em retirar as fotos. Pensava que se eu as tirasse,estaria definitivamente compreendendo partidas.
Pode parecer bobo, mas tive a mesma sensação quando sai do facebook, porque o transformei numa caixa de memória repleta de fotos, idéias, trocas de afeto virtuais e afins. Achei engraçado então, como nos apegamos a símbolos que representam o discurso, o sentimento, as ações específicas. Deixá-los partir é tão doloroso quanto ver os corpos partirem. Não que isso sirva de fato para as redes sociais, mas é só uma sensação próxima da que tive ao desativar minha conta. Mas com os minutos acumulados sempre prováveis, me acostumei, como sempre nos acostumamos.

terça-feira, 7 de junho de 2011



If I were blond
Na noite passada tive um sonho assustador onde um cara meio punk meio caveira costurava meus dois seios com um caco de vidro. Eu sentia muita dor mas não conseguia me desvencilhar. Tenho tido pesadelos com muito mais frequência agora, e sempre tento compreender a conexão me considerando o tal "rascunho de sonhos", uma mistura de fatos reproduzidos por signos não muito claros no meu subconsciente, extraídos de situaçoes e pessoas da minha vida cotidiana. Sempre penso que minha fome por sonhos poderia ser esclarecida em teorias psicanalíticas, mas a verdade é que tenho preguiça de torná-los parte de uma compreensão geral, e prefiro sempre mante-los nesse tipo de análise íntima.
Ando carregando uma vontade de organiza-los em um livro não monótono (claro, na minha cabeça eu sempre escreveria livros não monótonos), que editariam meus diários de sonhos e poderiam ficar entre uma possibilidade mais clara de (re)visitação e um trabalho de arte.
Mas a cada dia da semana, eu imagino uma nova forma de livro, não os continuo, e me atenho a prática involuntária de sonhar.