terça-feira, 23 de março de 2010

(essa sou eu sorrindo sozinha)
Eu me atrasei hoje, porque falei com a minha irmã, correndo a história.
Mas andamos pela beira do rio num calorzinho gostoso, encontramos a patisserie des rêves, envergonhamos na hora da foto, permeamos uma passeata de enfermeiras, e ela me contou sobre seu amor tcheco.
Um homem estava ali na beira, mas virado pro muro, folheando um livro pornô;
Era hora do almoço.
As pessoas estão bonitas com seus óculos escuros, todas sentadas nas calçadas,
enquanto os turistas acenam dos barcos que nao cessam. É tão bom já se sentir um pedaço da cidade.
Acho que perdi peso esses dias. Como como não devo, não como quando devo.
E a vida vem assim rapidinho, sem mais os mergulhos no mar, estou aqui vivendo sozinha, minha cozinha, meu quarto, meu acento meio duro, minha voz que não está rouca. Dai então, me aparece alguem tão imaterial que sopra palavras, e não me reconheço: Paris e você me fazem outra. Tentei enxergar meu futuro, merci, ainda bem que não vejo.
Mas também tem os dias de hesitação: como vou explicar toda a autobiografia relacionada, os trabalhos para o outro, perai perai...em francês?
Partiram sem hora essa semana. Como o último, o primeiro:
Minha primeira polaroid, a primeira discussão, o primeiro pic-nic, a primeira cerveja verde.
Ja abro a porta da pequena varanda que da pra Rue de L'essai.

Estou ha 56 dias em Paris

terça-feira, 16 de março de 2010

Pergunte ao corpo como ele organiza os espaços de tempo em memória, afeto, e histórias que não chegaram ao fim. Meu presente é um presente todo dia,
quando abro o casaco porque o corpo suou um pouquinho. (faço graça, riam vocês, quando o suor é precioso.) Por certos motivos, esse lugar tem sido esclarecedor, por outros, tem me confirmado esperas como interlavos essenciais de todo passeio.
Se lembra quando os atendentes eram estupidos, as roupas colavam, ou eu achava que não iria me recompor?
Não existe nada de errado em sustentar o meu único modo com extratos de pessoas. Nos dividimos para sermos nossos e de todos que devem: ter.
Eu vou...meu cabelo ja cresceu muitos dedos; meço pela franja. Meus olhos estão mais bonitos pelo que veem no reflexo deles. Aqui embaixo, todo dia um instrumento.
Tem dia que saio pra esquerda, tem dia que saio pra direita. Entre a 7 e a 5, o chá doce da mesquita se avisa pelas janelas. Sara nos fotografou na bela manhã de segunda-feira. Lá no norte, desde a voz que declama poesia na sala calada ao verso que ele escreve a cor do canto da boca dela, me arrepio.
O ar de paris está na minha parede, meu chá esfriou, demorei a parar com os suspiros.


Estou ha 49 dias em Paris.

terça-feira, 9 de março de 2010

Nesse 1 mes que passou voando, mas que tambem me doou a sensaçao de ter vivido muito na cidade, eu percebi que muitas coisas funcionam aqui. O onibus chega em 17 minutos exatos, os saloes burocraticos tem suas multidoes de pessoas, mas resolve-se tudo como o desejado, as pessoas dizem, as bicicletas sao trocadas, os dias vão....nao sei, é um sensaçao de uma maquina bem pensada. Claro, que se pensar em listas, vou conseguir fazer uma de coisas que conclui como muito mal feitas, mas em geral, tenhos menos dores de cabeças com elas. Vez ou outra escuto o barulho baixo que a cidade faz a luz do dia. Os franceses sao nosso oposto: sussurram. Vez ou outra, me escolho trilhas sonoras, e quando tem sol, os franceses até entram no ritmo, vestindo chapeu de paetes rosas, polainas listradas ou cabelo verdes. O preto deve diminuir na primavera, a ousadia deve aumentar. Tenho cumprido meus compromissos comigo mesma: ir a pelo menos um museu por semana, mas nao resisti a nutella e os queijos baratos.
Hoje posso dizer que estou legalmente na frança, porque depois de 28 segundos sem minhas roupas, duas respiraçoes profundas, uma radiografia do pulmao, e perguntas médicas de praxe, ganhei um selo no passaporte. Meu exercicio sao as escadas.
Eu ando imaginando sempre como seria se eu parasse pra conversar com metade das pessoas que cruzam o meu caminho diariamente. Falando em diario, tenho feitos minhas notas de memorias, escrito meu sorriso pra quem lê, me aproximado, e me afastado,
porque afinal, o que interessa sao as pessoas.
Na minha fala meio maltrapilha, acredito que minha voz fique mais fina,
queria que meu coraçao estivesse suspenso. Como eles todos devem estar.
Hoje saí com a boca vermelha.


Estou ha 41 dias em Paris.