quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Tinha esse homem parado na minha frente no metrô. Ele era neutro. Não me olhou nos olhos nenhuma vez. Mas na curta viagem que fiz naquele dia agradável, pensei nas diversas pessoas conhecidas que poderiam ser ele, e aquelas pessoas semi-conhecidas com que cruzei durante meses no metrô de Paris. Eu achava que andar de metrô era algo cosmopolita, e isso me atraía bastante. No entanto, depois daqueles muitos meses, comecei a me incomodar com os cheiros misturados e a sensação de não ver o mundo por cima, mas sim, sempre por baixo.
Voltando ao homem neutro, eu imaginei como seria se ele levantasse o rosto e identificasse que eu o conhecia, e começasse a dizer que ele agora vivia no Rio de Janeiro, e listasse seus lugares cotidianos e nós passássemos a ter um espaço comum e enfim, muitas possibilidades de encontros futuros.
Boa parte dos meus dias é dedicada a tentar resolver essa impossibilidade de presenças múltiplas, teletransporte, otimização de tempo comum, etc. Tento resolver as pessoas que não habitam os mesmos lugares, e de repente nunca habitarão, e por isso, eu não consigo ter o direito de criar qualquer tipo de fantasia, porque só quero me alimentar delas quando sei que existe uma mínima possibilidade de realidade.
Esse homem neutro me irritou, porque ele criou em mim uma desordem rápida de desejos de encontros, e logo em seguida, me reatou ao momento real. Não sou nenhum desses que você imaginou, e continuarei aqui olhando para algo que me intriga ou só vendo a velocidade diminuindo e aumentando, enquanto pessoas saem e entram, as temperaturas mudam e você continua procurando solução para coisas que não estão, mas simplesmente, são. assim. ponto.

Um comentário:

  1. taí uma coisa que é gostoso de fazer: perceber as pessoas na rua. sempre tenho a impressão de que conheço algumas de um lugar que não sei qual. nesse tempo, me perco no meio tempo entre o lembrar e o esquecer. andar de metrô é bom, mas nada é como pegar um ônibus que vá pelo aterro, ô coisa linda de se ver! Ver de cima, né?!

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